Santa Margarida Maria Alacoqque
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Margarida, quinta de um total de sete irmãs, nasceu em 22 de julho de 1647 em Vérosvres, na Borgonha (França). Após a morte do pai, em 1656, teve uma infância difícil, pois foi tratada duramente pelos familiares do tio. Vencida a oposição da mãe, que a queria casada, em 20 de junho de 1671, ingressou no mosteiro da Visitaçao de Paray-le-Monial (Autum, na França). Por causa de sua alergia ao queijo, suportou sofrimentos, superando-os de modo heróico. No início também encontrou muitas dificuldades na prática da oração. Orientada pela superiora, começou a orar diante do santíssimo. Em 27 de dezembro de 1673, festa de São João Evangelista, recolhida em oração diante do Santíssimo, teve a primeira das visões particulares de Jesus que iriam se repetir na primeira sexta-feira de cada mês: o Senhor lhe concedeu a graça de repousar em seu coração e lhe pediu que reparasse com a comunhão em toda primeira sexta-feira do mês as ofensas recebidas dos homens.
Em junho de 1675, na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, Jesus se manifestou a Margarida com o peito dilacerado e, apontando com a mão o coração rodeado de luz, disse-lhe: "Eis o coração que tanto amou os homens, nada poupando até exaurir-se e consumir-se para lhes testemunhar seu amor. E, em reconhecimento, não recebe da maior parte deles senão ingratidões..." E lhe pediu que lhe fosse dedicada uma festa particular para honrá-lo com a comunhão e a reparação.
A comunidade pôs em dúvida suas experiências místicas. Tratada como visionária pela superiora e pelos doutores, encontrou no padre jesuíta Cláudio de la Colombière um diretor espiritual que a apoiou na iniciativa de tornar públicos os pedidos do Sagrado Coração.
Em 31 de dezembro de 1684, tornou-se mestra de noviças, no mosteiro da Visitação, a festa do Sagrado Coração foi celebrada pela primeira vez em 21 de junho de 1686, sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi. Em 1687, a superiora escolheu-a como sua assistente. Faleceu em 17 de outubro de 1690. Em 23 de agosto de 1856, Pio IX estendeu essa festa toda a Igreja. Beatificada por Pio IX em 18 de setembro de 1864, foi canonizada por Bento XV em 13 de maio de 1920. Leão XIII, em 1899, consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Pio XI, com a encíclica Miserentissimus Redemptor (8 de maio de 1928), e Pio XII, com a encíclica Haurietis aquas (15 de maio de 1956), contribuíram para o aprofundamento bíblico e teológico da devoção e do culto ao Sagrado coração de Jesus e ressaltaram sua benéfica utilidade pastoral.
Em meio à crise religiosa do século XVII, com o predomínio da mentalidade de um Deus tão alto e majestático que o ser humano não tinha acesso afetivo até ele, uma religiosa de uma ordem rigorosa de clausura por São Francisco de Sales aparece como a mensageira de uma concepção totalmente inversa do cristianismo: a devoção ao Sagrado Coração. Embora muitos cristãos de todos os tempos e lugares tenham professados uma amor pessoal e terno a Jesus e à sua humanidade, o emprego consytantee propositado do símbolo do coração como acesso à intimidade de Cristo, e a difusão entre as grandes massas desse modo de considerar o Redentor, é obra da devoção ao Sagrado Coração, iniciada por Santa Margarida Maria.
Pe. Danilo Mondoni, SJ
Adaptação: Ruiter A. Campos; MESC
Nossa Senhora Aparecida
Em outubro de 1717 passavam pela vila de Guaratinguetá, em São Paulo, o governador, o Conde Assumar e Dom Pedro de Almeida. Para recebê-los, os pescadores preparavam um evento onde apresentariam todos os peixes que pudessem pescar. Mas, por várias vezes, as redes jogadas ao rio voltaram vazias até que João Alves tirou das águas, para sua surpresa, a imagem de uma senhora sem cabeça. Ao jogar a rede novamente, surpresa maior: ele viu surgir a cabeça que faltava daquela imagem que fora recolhida. Depois disso, as redes que foram jogadas novamente voltaram repletas de peixes.
Aquela imagem, desde então, passou a ser visitada em reuniões semanais no vilarejo. Numa das vezes, as luzes que iluminavam a santa se apagaram de repente, para logo depois se acenderem sozinhas. Estava feito o primeiro milagre de Nossa Senhora.
De lá para cá, os devotos jamais se cansaram de sair em romaria, para chegar aos pés da santa. Nossa Senhora Aparecida, considerada a Padroeira do Brasil, tem sua festa maior celebrada no dia 12 de outubro, data que, desde 1988, é marcada como feriado nacional. Sua monumental basílica à beira do rio Paraíba, na cidade de Aparecida do Norte, foi consagrada pelo papa João Paulo 2º em 1980.
Primeiros milagresMilagre das Velas
Estando a noite serena, repentinamente as duas velas que iluminavam a Santa se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e Silvana da Rocha, querendo acendê-las novamente, nem tentou, pois elas acenderam por si mesmas. Este foi o primeiro milagre de Nossa Senhora.
Caem as correntes
Em meados de 1850, um escravo chamado Zacarias, preso por grossas correntes, ao passar pelo Santuário, pede ao feitor permissão para rezar à Nossa Senhora Aparecida. Recebendo autorização, o escravo se ajoelha e reza contrito. As correntes, milagrosamente, soltam-se de seus pulsos deixando Zacarias livre.
O Cavaleiro sem-fé
Um cavaleiro de Cuiabá, passando por Aparecida, ao se dirigir para Minas Gerais, viu a fé dos romeiros e começou a zombar, dizendo, que aquela fé era uma bobagem. Quis provar o que dizia, entrando a cavalo na igreja. Não conseguiu. A pata de seu cavalo se prendeu na pedra da escadaria da igreja ( Basílica Velha ), e o cavaleiro arrependido, entrou na igreja como devoto.
A Menina Cega
Mãe e filha caminhavam às margens do rio Paraíba, quando surpreendentemente a filha cega de nascença comenta surpresa com a mãe : "Mãe como é linda esta igreja" (Basílica Velha).
Menino no Rio
O Pai e o filho foram pescar, durante a pescaria a correnteza estava muito forte e por um descuido o menino caiu no rio e não sabia nadar, a correnteza o arrastava cada vez mais rápido e o pai desesperado pede a Nossa Senhora Aparecida para salvar o menino. Derrepente o corpo do menino para de ser arrastado, enquanto a forte correnteza continua e o pai salva o menino.
O Caçador
Um caçador estava voltado de sua caçada já sem munição, derrepente ele se deparou com uma enorme onça. Ele se viu encurralado e a onça estava prestes a atacar, então o caçador pede desesperado a Nossa Senhora Aparecida por sua vida, a onça vira e vai embora.
Oração de Nossa Senhora AparecidaÓ incomparável Senhora da Conceição Aparecida,
Mãe de Deus,
Rainha dos Anjos,
Advogada dos pecadores,
refúgio e consolação dos aflitos
e atribulados,
Virgem Santíssima,
cheia de poder e de bondade,
lançai sobre nós um olhar favorável,
para que sejamos socorridos por vós,
em todas as necessidades em que nos acharmos.
Lembrai-vos,
ó clementíssima Mãe Aparecida,
que nunca se ouviu dizer que algum daqueles
que têm a vós recorrido,
invocado vosso santíssimo nome
e implorado vossa singular proteção,
fosse por vós abandonado.
Animados com esta confiança,
a vós recorremos.
Tomamo-nos de hoje para sempre por nossa Mãe,
nossa protetora, consolação e guia,
esperança e luz na hora da morte.
Livrai-nos de tudo o que possa ofender-vos
e a vosso Santíssimo Filho, Jesus.
Preservai-nos de todos os perigos da alma e do corpo;
dirigi-nos em todos os negócios espirituais e temporais.
Livrai-nos da tentação do demônio,
para que, trilhando o caminho da virtude,
possamos um dia ver-vos e amar-vos na eterna glória,
por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Igreja da mútua ajuda
A fraternidade pobre se apóia não sobre a posse, mas sobre a mútua caridade, a sensibilidade para com as necessidades de elemento materno na comunidade. Cada um deve ser mãe para com o outro, solícito nas urgências e nas enfermidades. Esta ajuda não se reduz às necessidades materiais, mas abrange também os problemas interiores. Que os irmãos se abram mutuamente com confiança, confessem-se uns aos outros, se alegrem pelo que Deus faz com cada um. Pela pregação e bom exemplo todos nos fazemos esposos, irmãos e mãe de Jesus Cristo; até o "meu irmão pobrezinho que não recebeu na Igreja o encargo de gerar filhos" se faz mãe porque converte a outros com suas orações."
Igreja que celebra a vida
Igreja de piedade popular
Igreja, sacramento do Espírito
Onde vigora tanta espontaneidade e criatividade, onde são invocadas atitudes maternais de cuidado e ternura para com os outros é natural que se viva uma presença forte do Espírito Santo, fonte de toda vida e principio feminino da salvação. Francisco apresenta-se como um homem do Espírito por excelência" e sua espiritualidade bebe do Espírito sua água mais cristalina. Há em Francisco uma dupla descoberta, da santa humanidade de Jesus e da presença e decisiva importância do Espírito do Senhor. Não é sem e razão que queria o Espírito Santo como verdadeiro ministro-geral da Ordem. Para Francisco o Espírito do Senhor produz, fundamentalmente, duas liberdades: liberdade do velho homem, com sua centração no eu, com seus vícios, com sua ânsia de sobrepor-se aos outros; mas produz principalmente a liberdade para os outros, no amor e serviço mútuos, na entrega irrestrita ao Pai,na obediência às moções do mesmo Espírito que leva a fazer maravilhas. A liberdade vivida por Francisco dentro de um sentido profundo de adesão à substância teológica da Igreja e da tradição se deriva de sua experiência do Espírito; daí Francisco respeita, fundamentalmente, o caminho de cada um e pede aos irmãos que se respeitem mutuamente por causa do Espírito. A comunidade eclesial, concretizada na comunidade franciscana, será assim um sacramento do Espírito.
Aquela imagem, desde então, passou a ser visitada em reuniões semanais no vilarejo. Numa das vezes, as luzes que iluminavam a santa se apagaram de repente, para logo depois se acenderem sozinhas. Estava feito o primeiro milagre de Nossa Senhora.
De lá para cá, os devotos jamais se cansaram de sair em romaria, para chegar aos pés da santa. Nossa Senhora Aparecida, considerada a Padroeira do Brasil, tem sua festa maior celebrada no dia 12 de outubro, data que, desde 1988, é marcada como feriado nacional. Sua monumental basílica à beira do rio Paraíba, na cidade de Aparecida do Norte, foi consagrada pelo papa João Paulo 2º em 1980.
Primeiros milagresMilagre das Velas
Estando a noite serena, repentinamente as duas velas que iluminavam a Santa se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e Silvana da Rocha, querendo acendê-las novamente, nem tentou, pois elas acenderam por si mesmas. Este foi o primeiro milagre de Nossa Senhora.
Caem as correntes
Em meados de 1850, um escravo chamado Zacarias, preso por grossas correntes, ao passar pelo Santuário, pede ao feitor permissão para rezar à Nossa Senhora Aparecida. Recebendo autorização, o escravo se ajoelha e reza contrito. As correntes, milagrosamente, soltam-se de seus pulsos deixando Zacarias livre.
O Cavaleiro sem-fé
Um cavaleiro de Cuiabá, passando por Aparecida, ao se dirigir para Minas Gerais, viu a fé dos romeiros e começou a zombar, dizendo, que aquela fé era uma bobagem. Quis provar o que dizia, entrando a cavalo na igreja. Não conseguiu. A pata de seu cavalo se prendeu na pedra da escadaria da igreja ( Basílica Velha ), e o cavaleiro arrependido, entrou na igreja como devoto.
A Menina Cega
Mãe e filha caminhavam às margens do rio Paraíba, quando surpreendentemente a filha cega de nascença comenta surpresa com a mãe : "Mãe como é linda esta igreja" (Basílica Velha).
Menino no Rio
O Pai e o filho foram pescar, durante a pescaria a correnteza estava muito forte e por um descuido o menino caiu no rio e não sabia nadar, a correnteza o arrastava cada vez mais rápido e o pai desesperado pede a Nossa Senhora Aparecida para salvar o menino. Derrepente o corpo do menino para de ser arrastado, enquanto a forte correnteza continua e o pai salva o menino.
O Caçador
Um caçador estava voltado de sua caçada já sem munição, derrepente ele se deparou com uma enorme onça. Ele se viu encurralado e a onça estava prestes a atacar, então o caçador pede desesperado a Nossa Senhora Aparecida por sua vida, a onça vira e vai embora.
Oração de Nossa Senhora AparecidaÓ incomparável Senhora da Conceição Aparecida,
Mãe de Deus,
Rainha dos Anjos,
Advogada dos pecadores,
refúgio e consolação dos aflitos
e atribulados,
Virgem Santíssima,
cheia de poder e de bondade,
lançai sobre nós um olhar favorável,
para que sejamos socorridos por vós,
em todas as necessidades em que nos acharmos.
Lembrai-vos,
ó clementíssima Mãe Aparecida,
que nunca se ouviu dizer que algum daqueles
que têm a vós recorrido,
invocado vosso santíssimo nome
e implorado vossa singular proteção,
fosse por vós abandonado.
Animados com esta confiança,
a vós recorremos.
Tomamo-nos de hoje para sempre por nossa Mãe,
nossa protetora, consolação e guia,
esperança e luz na hora da morte.
Livrai-nos de tudo o que possa ofender-vos
e a vosso Santíssimo Filho, Jesus.
Preservai-nos de todos os perigos da alma e do corpo;
dirigi-nos em todos os negócios espirituais e temporais.
Livrai-nos da tentação do demônio,
para que, trilhando o caminho da virtude,
possamos um dia ver-vos e amar-vos na eterna glória,
por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Francisco de Assis - Ternura e vigor
Igreja que se alimenta da Palavra
O que reúne a fraternidade é a escuta da Palavra, o seguimento do Cristo pobre e a solidariedade para com os pobres. O que mais ressalta em Francisco não é um amor terno pela Eucaristia que prolonga a humildade do mistério da encarnação: visitava quando podia as igrejas e comungava com assiduidade. Mas a novidade, num tempo de clero desleixado, semi-ignorante e pouco dado à reflexão evangélica, é seu amor à Palavra da revelação; ela urde todos os textos de Francisco. Sua maior intenção, seu desejo principal e plano supremo era observar o evangelho em tudo e por tudo... Estava sempre meditando, por isso, suas palavras recordava seus atos com atenção. Famosa era a sua penetração, embora não tivesse nenhuma cultura livresca; é que via com o coração. Nas perplexidades de vida, consulta o evangelho; toda sua pregação não é outra coisa que um anúncio do evangelho; dividiu as folhas do único volume para que cada frade pudesse meditar; mandava não pisar papéis soltos com as palavras sagradas e recolhia os com veneração e cuidado. Como as nossa comunidades eclesiais de base, assim as comunidades dos primeiros irmãos se estruturavam ao redor da Palavra e do seguimento de Jesus pobre.
Igreja da mútua ajuda
A fraternidade pobre se apóia não sobre a posse, mas sobre a mútua caridade, a sensibilidade para com as necessidades de elemento materno na comunidade. Cada um deve ser mãe para com o outro, solícito nas urgências e nas enfermidades. Esta ajuda não se reduz às necessidades materiais, mas abrange também os problemas interiores. Que os irmãos se abram mutuamente com confiança, confessem-se uns aos outros, se alegrem pelo que Deus faz com cada um. Pela pregação e bom exemplo todos nos fazemos esposos, irmãos e mãe de Jesus Cristo; até o "meu irmão pobrezinho que não recebeu na Igreja o encargo de gerar filhos" se faz mãe porque converte a outros com suas orações."
Igreja que celebra a vida
Francisco era uma pessoa profundamente sacramental no sentido de que criava, intuitivamente, gestos, símbolos e ações significativas. Sua própria concepção de base concernente ao seguimento de Cristo se orientava para a representação e teatralização da vida e atitude do Jesus histórico. A celebração da fé não se restringia às celebrações litúrgicas. Francisco não reza apenas como os monges no interior do espaço sagrado; sua experiência de Deus ser dá no mundo em contato com as pessoas, os pobres e a natureza. As várias orações que nos deixou mostram sua profunda criatividade espiritual. Em suas pregações usava comparações materiais e simples... e usando gestos e expressões ardorosas, arrebatava os ouvintes. Os relatos estão cheios da linguagem dos gestos, seja que se deixe conduzir pelas ruas em trajes menores enquanto grita: ''vejam o comilão que se diz irmão da penitência", seja que na Páscoa brinque de peregrino, com chapéu e bastão, típicos dos peregrinos, seja coloque cinza na cabeça ou na comida para dar uma lição de humildade aos irmãos. A vida é celebrada como liturgia, já que em todas as coisas detecta acenos de Deus, de mostra o sentido novo da oração em contato com a vida e seus dramas.
Igreja de piedade popular
Identificado com o mundo dos pobres, Francisco assume o universo de representação dos pobres. Este se organiza pela lógica do inconsciente e se expressa por via de simbologia arquetípica. Os mistérios de Jesus são representados por ele de forma plástica, bem a gosto popular. Assim foi ele quem introduziu a celebração viva do Natal na forma do nosso presépio com feno, o boi e o burro. Foi a partir de sua piedade à humanidade de Cristo que se começaram a representar os crucifixos, não mais com o Cristo em pé qual Senhor triunfante, mas com o Cristo agonizante, com as marcas do sofrimento e da tortura. A via-sacra foi incentivada graças à presença dos franciscanos nos lugares sagrados da Palestina. A devoção à imaculada Virgem Maria, aos anjos especialmente São Gabriel e a tudo que estiver ligado à humanidade de Jesus recebeu por Francisco um impulso decisivo. A indulgência da Porciúncula (o perdão de Assis, como também é chamada) está ligada à sua terna devoção a Maria. Mostra também grande criatividade, apesar de todo o respeito, para com a piedade litúrgica; cria um ofício da paixão para os irmãos rezarem ao lado do ofício canônico; comenta o pai-nosso; introduz uma forma de celebração da missa no meio do povo com o privilégio do altar portátil, novidade para o tempo. Uma atmosfera popular, simples, colorida e vigorosa entra pelas janelas do velho e secular edifício cristão do século XIII, graças à liberdade do Poverello. Esta liberdade chegou a sua expressão maior quando, no leito de morte, celebra sua ceia de despedida dos irmãos. Embora fosse apenas diácono, imita a ceia derradeira de Jesus, como uma espécie de celebração e aliança: "mandou trazer um pão; abençoou-o, partiu-o e deu um pedacinho para cada um comer "Celano comenta que "fez tudo isto para celebrar a sua memória. demonstrando todo o carinho que tinha para com seus irmãos"."
Igreja missionária
É extraordinária a difusão da primitiva comunidade ao redor de Francisco, ainda ao tempo de sua vida, por quase toda a Europa. Depois de uma década, de 12 passam para 3.000 e segundo outras fontes para 5.000." Os cronistas do tempo dizem que os irmãos enchem o mundo e que não há uma província da cristandade na qual houvesse alguns dos seus irmãos."
Eles partem de dois em dois pelas vilas e burgos e em poucos anos já estão na França, Alemanha, Hungria e Inglaterra. Os motivos desta expansão são múltiplos, mas principalmente o impacto da figura de Francisco e a resposta que sua mensagem e modos de viver a fé davam às expectativas de seu tempo. Jacques de Vitry, Cardeal amigo dos frades, diz com precisão: "Esta Ordem se espalha com tanta rapidez por toda a terra, porque imita com tanta decisão a vida da Igreja primitiva e toda a vida dos apóstolos". O Chronicon Normanniae está certo ao dizer que a difusão se deve principalmente "ao modo de vida inteiramente novo" que atraía principalmente a juventude. Mas a razão principal se encontra no espírito missionário de Francisco e dos primeiros seguidores; entendiam sua vocação como envio de Deus para uma vivência evangélica de toda a Igreja. Como dissemos, não se entendiam como parte, mas como a própria Igreja fermentada pelo sopro evangélico. Por isso a comunidade era essencialmente missionária, como é toda a Igreja.
Igreja, sacramento do Espírito
Onde vigora tanta espontaneidade e criatividade, onde são invocadas atitudes maternais de cuidado e ternura para com os outros é natural que se viva uma presença forte do Espírito Santo, fonte de toda vida e principio feminino da salvação. Francisco apresenta-se como um homem do Espírito por excelência" e sua espiritualidade bebe do Espírito sua água mais cristalina. Há em Francisco uma dupla descoberta, da santa humanidade de Jesus e da presença e decisiva importância do Espírito do Senhor. Não é sem e razão que queria o Espírito Santo como verdadeiro ministro-geral da Ordem. Para Francisco o Espírito do Senhor produz, fundamentalmente, duas liberdades: liberdade do velho homem, com sua centração no eu, com seus vícios, com sua ânsia de sobrepor-se aos outros; mas produz principalmente a liberdade para os outros, no amor e serviço mútuos, na entrega irrestrita ao Pai,na obediência às moções do mesmo Espírito que leva a fazer maravilhas. A liberdade vivida por Francisco dentro de um sentido profundo de adesão à substância teológica da Igreja e da tradição se deriva de sua experiência do Espírito; daí Francisco respeita, fundamentalmente, o caminho de cada um e pede aos irmãos que se respeitem mutuamente por causa do Espírito. A comunidade eclesial, concretizada na comunidade franciscana, será assim um sacramento do Espírito.
Leonardo Boff
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